domingo, 19 de setembro de 2010

NEUROENDOSCOPIA

TRATANDO A HIDROCEFALIA COM NEUROENDOSCOPIA
Hidrocefalia pode ser tratada através da neuroendoscopia

Christian Diniz, médico da Unimed JP

Com uma incisão de apenas 1,5 centímetro na região frontal do crânio, já é possível tratar a hidrocefalia, problema provocado pelo excesso de água no cérebro. A informação é do neurocirurgião Christian Diniz Ferreira, cooperado da Unimed JP.

O médico explicou que, através da minúscula incisão, é feito um pequeno orifício no ventrículo que fica na parte mais baixa do cérebro e, por esta nova abertura, o excesso de líquido encontrará uma saída alternativa. Isto faz baixar a pressão intracraniana.
De acordo com Christian Ferreira Diniz, o procedimento tem êxito superior a 90% e já se tornou o tratamento de eleição em centros com a tecnologia disponível. “A sua principal vantagem é a resolução da hidrocefalia obstrutiva sem colocação de válvulas, material estranho ao corpo que comumente complica com obstrução, infecção e mau-funcionamento”, explicou. Segundo ele, por causa destas complicações, freqüentemente o neurocirurgião precisa revisar as válvulas, submetendo os pacientes a novo procedimento cirúrgico-anestésico.

O tema foi abordado domingo (4) na seção Consultório Médico da Coluna Unimed Saúde, que é publicada nos jornais Correio da Paraíba, O Norte e Jornal da Paraíba. Por uma questão de espaço, o artigo teve que ser resumido.

Leia abaixo a íntegra:

No interior do cérebro, existem espaços chamados de ventrículos - cavidades naturais que se comunicam entre si e são preenchidas pelo líquido cefalorraquidiano ou simplesmente liquor, como também é conhecido. O termo hidrocefalia refere-se a uma condição na qual a quantidade de liquor aumenta dentro da cabeça. Este aumento anormal do volume dilata os ventrículos e comprime o cérebro contra os ossos do crânio, provocando uma série de sintomas que devem ser rapidamente tratados para prevenir danos mais sérios. Muitas vezes, a hidrocefalia pode ser detectada antes mesmo do nascimento, quando se emprega o exame de
ultra-som no acompanhamento da gravidez.

A hidrocefalia ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção e a reabsorção do líquido cefalorraquidiano. A condição mais comum é uma obstrução (hidrocefalia obstrutiva) da passagem do liquor, seja por prematuridade, cistos, tumores, traumas, infecções ou uma má-formação do sistema nervoso como a mielomeningocele. Em casos raros, a hidrocefalia é causada pelo aumento da produção.

Nas crianças pequenas (abaixo de 2 anos), os ossos do crânio ainda não estão soldados. A cabeça cresce e a fontanela (moleira) pode estar tensa ou mesmo abaulada. O couro cabeludo parece esticado e fino e com as veias muito visíveis. Palpando-se a cabeça, é possível perceber um aumento do espaço entre os ossos do crânio. A criança pode parecer incapaz de olhar para cima, com os olhos sempre desviados para baixo, podendo ainda apresentar vômitos, irritabilidade, sonolência e convulsões.


Nas crianças maiores (acima de 2 anos), como os ossos já se soldaram, o excesso de liquor levará a um aumento da pressão intracraniana o que pode ocasionar cefaléia, náuseas, vômitos, distúrbios visuais, incoordenação motora, alterações na personalidade e dificuldade de concentração. Outro sinal comum é uma piora gradual no desempenho escolar. Tais sintomas exigem avaliação médica imediata. Se houver alargamento dos ventrículos cerebrais, ele poderá ser facilmente observado por ultra-sonografia.O tratamento é a instalação de um tubo flexível (válvula) que drenará o excesso de líquido do sistema ventricular. Este tubo possui duas extremidades: uma é colocada dentro do ventrículo cerebral; a outra pode ser inserida dentro do abdome ou do coração, reduzindo a pressão interna dos ventrículos cerebrais.

Atualmente, está disponível um procedimento chamado ventriculostomia, feito por neuroendoscopia, procedimento minimamente invasivo. Com uma incisão de apenas 1,5 centímetro na região frontal do crânio, é feito um pequeno orifício no ventrículo que fica na parte mais baixa do cérebro e, por esta nova abertura, o excesso de líquido encontrará uma saída alternativa, fazendo baixar a pressão intracraniana.
Com o advento da neuroendoscopia, as hidrocefalias obstrutivas passaram a ser tratadas por via endoscópica, tornando-se este o tratamento de eleição em centros com a tecnologia disponível, com êxito superior a 90%. A sua principal vantagem é a resolução da hidrocefalia obstrutiva sem colocação de válvulas, material estranho ao corpo que comumente complica com obstrução, infecção e mau-funcionamento, levando, freqüentemente, o neurocirurgião a revisá-las, submetendo as crianças a novo procedimento cirúrgico-anestésico. A estatística francesa (Saint Rose et al-1998) mostra que em 10 anos, 95 % das crianças necessitam de pelo menos uma revisão da válvula.
 
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